Um projeto inovador e pioneiro no mundo, o método de miniaturização das coletas foi implementado na área de cromatografia do laboratório Fleury no Brasil. Denize Pereira, assessora técnica do setor responsável por verificar metais, hormônios, vitaminas e monitoramento de drogas terapêuticas, explica que o primeiro passo foi migrar a forma tradicional de coleta. “Para cada metal a ser determinado no exame como, por exemplo, alumínio, selênio, cobre, zinco, era preciso coletar um tubo de sangue. Isso resultava na produção de uma quantidade alta de plásticos e de solventes como ácido nítrico, butanol e amônia. Com essa nova tecnologia, coletamos um único tubo e numa única passagem no equipamento temos o resultado de todos os elementos necessários”, relata Denize. 

Contudo, o pioneirismo não está especificamente na coleta em único tubo, que já acontece em outros laboratórios também, mas sim na metodologia de miniaturização. Segundo Denize, de uma forma geral, para volumes maiores de coleta são utilizados tubos de 15 ml. Na área de análise de metais do Fleury, os tubos de plásticos foram substituídos por placas que coletam material de até 96 pacientes. Enquanto cada placa pesa 990 gramas, o mesmo volume coletado em tubos geraria, em média, 3 kg de plástico. O método de miniaturização reduziu, ao ano, 1600 kg em tubos de análise e 4300 kg de tubos de coleta. Também economizou 1600 litros de solventes e 100 kg de papel por ano e diminuiu o resíduo biológico.

“Além de todos os impactos ambientais positivos, em virtude da redução do uso de plástico, solvente e papel, o método também permitiu a internalização de diversos exames de metais, refletindo assim no custo final do exame. Aumentamos também a produtividade, com a adoção da coleta única, e reduzimos o prazo de resultados no laboratório, o que é bem importante para acelerar o diagnóstico de intoxicação por metais como chumbo, mercúrio, cromo, arsênio, mais conhecidos pela alta toxicidade”, detalha Denize. 

O desenvolvimento do método foi realizado internamente pela equipe do Fleury que realiza, aproximadamente, 65 mil exames de metais por mês. Os estudos foram iniciados antes da pandemia da Covid-19 e foram retomados em 2021. A implementação está acontecendo de forma faseada. “Nossa primeira implantação foi em setembro de 2021, com nove mil metais dosados em plasma. A partir de então, estruturamos as outras fases de dosagem em sangue”, relembra a assessora técnica.

A tecnologia por trás da miniaturização conta com um equipamento inovador chamado ICP/MS (Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado). “A máquina trouxe a oportunidade desse pioneirismo da miniaturização por meio dos amostradores que estão acoplados, possibilitando a troca do tubo pela placa”, conclui Denize. Durante a COP 27, a 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, realizada no final de 2022, no Egito, o caso de implementação da miniaturização no Fleury foi apresentado como um destacado exemplo de prática sustentável.

 

** Matéria originalmente publicada na Revista Notícias da Medicina Laboratorial nº 124.